Causas

A Gagueira e suas causas

A “gagueira do desenvolvimento” é uma desordem da fala que se inicia na infância e cuja causa é até hoje “desconhecida”, ou pelo menos não há um consenso sobre sua etiologia. No entanto, a maioria dos fonoaudiólogos concorda que tal distúrbio pode sofrer a influência de vários fatores. Entre eles estão os fatores pré disponentes, que são aqueles que levam uma pessoa estar em maior risco do que outra para começar a gaguejar; fatores precipitadores, que podem ser definidos como aqueles que realmente fazem com que uma pessoa comece a gaguejar e fatores mantenedores que são aqueles que fazem com que a pessoa continue a gaguejar após o início da desordem (Silverman,1992). A análise destes fatores é de grande importância no processo terapêutico.

Como fatores predisponentes ou de risco temos principalmente a história familiar, pois é sabido que a predisposição para gagueira pode ser herdada. Além da herança familiar, as questões de caráter lingüístico como o atraso no desenvolvimento da linguagem e o bilingüismo, por exemplo, também devem ser levados em consideração.

Em relação aos fatores precipitadores pode se citar o stress, sustos, medos, questões emocionais ou até mesmo alguma doença. Esses fatores podem não causar a gagueira, mas podem contribuir indiretamente para o seu aparecimento É comum na clínica fonoaudiológica os pais relatarem que a criança começou a gaguejar após algum episódio traumático e por este motivo acreditam ser a gagueira de fundo emocional, mas na realidade o episódio referido pelos pais apenas precipitou o que já existia enquanto possibilidade. Por que tal episódio causaria uma gagueira e não outro problema qualquer?

A demanda por fluência além da capacidade da criança (Starkweather, 1997) também pode funcionar como um fator precipitador. Se o meio demandar mais fluência do que a criança pode ter a gagueira pode aparecer, ou seja, o estímulo lingüístico que os pais dão a seus filhos não deve ser pouco, mas também não deve ser excessivo, neste caso é necessário bom senso.

Os fatores mantenedores podem ser vários entre eles o próprio desconhecimento sobre o distúrbio em si, levando ao preconceito. O preconceito gerado pelo desconhecimento, gera uma atitude errônea frente ao problema levando a manutenção e até mesmo piora do quadro. Além do desconhecimento, a preocupação excessiva, por parte dos pais, com a criança que gagueja, também pode contribuir para manutenção e agravamento dos sintomas, assim como a negação do problema.

Ainda como fator mantenedor pode se citar a “hipótese da luta antecipatória” (Bloodstein, 1993), que defende a idéia de que a convicção da criança de que falar é difícil, originada pelo esforço para falar, pode agravar e manter o quadro. Esta hipótese reforça a idéia da importância da orientação adequada aos pais e à criança que gagueja, para que este tipo de comportamento não se desenvolva.

Devemos, no entanto lembrar que existem outros tipos de gagueira, as chamadas “gagueiras adquiridas”, que têm inicio tardio e que apesar de serem menos comuns possuem causa conhecida. São elas a “gagueira neurogênica”, decorrente de traumatismo craniano, AVC, doenças degenerativas do sistema nervoso central, tumor cerebral, cirurgia cerebral e disfunção cerebral induzida por drogas; a “gagueira psicogênica” decorrente de algum evento emocionalmente traumático e que pode vir associada a quadros psiquiátricos e a “gagueira farmacogênica”, que é decorrente da ingestão de medicamentos. São três os tipos de medicamentos que podem induzir a gagueira.:psicofarmacogênicos, anticonvulsantes e o bronco dilatator Teofilina.

Como se pode ver a análise das causas da gagueira não é simples e por este motivo o tratamento deste distúrbio requer um profissional especializado e competente.

Mônica M. de Britto Pereira Fonoaudióloga
Doutora em Lingüística
Coordenadora do Mestrado Profissional em Fonoaudiologia da Universidade Veiga de Almeida
Membro da diretoria do Comitê de Fluência da Fala da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia

Referências:
BLODSTEIN, O. Stuttering – The search for a cause and cure. Needham Heights, MA: Allyn and Bacon, 1993.
SILVERMAN, F.H. Stuttering and other fluency disorders.Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall, 1992
STARKWEATHER, W. & GIVENS – ACKERMAN, J. Stuttering. Austin: Pro-ed, 1997.

A Gagueira e suas causas

A “gagueira do desenvolvimento” é uma desordem da fala que se inicia na infância e cuja causa é até hoje “desconhecida”, ou pelo menos não há um consenso sobre sua etiologia. No entanto, a maioria dos fonoaudiólogos concorda que tal distúrbio pode sofrer a influência de vários fatores. Entre eles estão os fatores pré disponentes, que são aqueles que levam uma pessoa estar em maior risco do que outra para começar a gaguejar; fatores precipitadores, que podem ser definidos como aqueles que realmente fazem com que uma pessoa comece a gaguejar e fatores mantenedores que são aqueles que fazem com que a pessoa continue a gaguejar após o início da desordem (Silverman,1992). A análise destes fatores é de grande importância no processo terapêutico.

Como fatores predisponentes ou de risco temos principalmente a história familiar, pois é sabido que a predisposição para gagueira pode ser herdada. Além da herança familiar, as questões de caráter lingüístico como o atraso no desenvolvimento da linguagem e o bilingüismo, por exemplo, também devem ser levados em consideração.

Em relação aos fatores precipitadores pode se citar o stress, sustos, medos, questões emocionais ou até mesmo alguma doença. Esses fatores podem não causar a gagueira, mas podem contribuir indiretamente para o seu aparecimento É comum na clínica fonoaudiológica os pais relatarem que a criança começou a gaguejar após algum episódio traumático e por este motivo acreditam ser a gagueira de fundo emocional, mas na realidade o episódio referido pelos pais apenas precipitou o que já existia enquanto possibilidade. Por que tal episódio causaria uma gagueira e não outro problema qualquer?

A demanda por fluência além da capacidade da criança (Starkweather, 1997) também pode funcionar como um fator precipitador. Se o meio demandar mais fluência do que a criança pode ter a gagueira pode aparecer, ou seja, o estímulo lingüístico que os pais dão a seus filhos não deve ser pouco, mas também não deve ser excessivo, neste caso é necessário bom senso.

Os fatores mantenedores podem ser vários entre eles o próprio desconhecimento sobre o distúrbio em si, levando ao preconceito. O preconceito gerado pelo desconhecimento, gera uma atitude errônea frente ao problema levando a manutenção e até mesmo piora do quadro. Além do desconhecimento, a preocupação excessiva, por parte dos pais, com a criança que gagueja, também pode contribuir para manutenção e agravamento dos sintomas, assim como a negação do problema.

Ainda como fator mantenedor pode se citar a “hipótese da luta antecipatória” (Bloodstein, 1993), que defende a idéia de que a convicção da criança de que falar é difícil, originada pelo esforço para falar, pode agravar e manter o quadro. Esta hipótese reforça a idéia da importância da orientação adequada aos pais e à criança que gagueja, para que este tipo de comportamento não se desenvolva.

Devemos, no entanto lembrar que existem outros tipos de gagueira, as chamadas “gagueiras adquiridas”, que têm inicio tardio e que apesar de serem menos comuns possuem causa conhecida. São elas a “gagueira neurogênica”, decorrente de traumatismo craniano, AVC, doenças degenerativas do sistema nervoso central, tumor cerebral, cirurgia cerebral e disfunção cerebral induzida por drogas; a “gagueira psicogênica” decorrente de algum evento emocionalmente traumático e que pode vir associada a quadros psiquiátricos e a “gagueira farmacogênica”, que é decorrente da ingestão de medicamentos. São três os tipos de medicamentos que podem induzir a gagueira.:psicofarmacogênicos, anticonvulsantes e o bronco dilatator Teofilina.

Como se pode ver a análise das causas da gagueira não é simples e por este motivo o tratamento deste distúrbio requer um profissional especializado e competente.

Mônica M. de Britto Pereira Fonoaudióloga
Doutora em Lingüística
Coordenadora do Mestrado Profissional em Fonoaudiologia da Universidade Veiga de Almeida
Membro da diretoria do Comitê de Fluência da Fala da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia

Referências:
BLODSTEIN, O. Stuttering – The search for a cause and cure. Needham Heights, MA: Allyn and Bacon, 1993.
SILVERMAN, F.H. Stuttering and other fluency disorders.Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall, 1992
STARKWEATHER, W. & GIVENS – ACKERMAN, J. Stuttering. Austin: Pro-ed, 1997.