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Após massacre nos EUA, Associação Brasileira de Gagueira alerta para bullying na escola


Tiroteios em massa nas escolas têm se tornado mais comuns nos Estados Unidos. Em 2021, foram 34 ataques, o maior número registrado desde 1999. O mais recente foi na última terça-feira (24/05), no Texas, com 19 crianças, uma professora e outro adulto assassinadas a tiros no ambiente escolar do Ensino Fundamental pelo atirador Salvador Ramos, de 18 anos. A sua prima, Mia, contou ao jornal The Washington Post ter presenciado Salvador sendo alvo de bullying por conta de uma gagueira, enquanto ambos cursavam o Ensino Fundamental.

Após o massacre, a Associação Brasileira de Gagueira (Abra Gagueira) volta a alertar para bullying na escola, reforçando que ridicularização é bastante dolorosa e deve ser eliminada e combatida por todos no ambiente escolar. “Essa tragédia americana traz à tona a necessidade de uma sociedade mais inclusiva com a pessoa que gagueja. Longe que querer justificar a atitude do atirador, mas ressaltando que por toda a sua vida ele se sentiu excluído, discriminado e esquecido em virtude da sua gagueira numa sociedade nem um pouco acolhedora com a pessoa que gagueja”, comenta o presidente da Abra Gagueira, Luiz Fernando Ferreira.

A Abra Gagueira ressalta que é fundamental fazer com que os próprios estudantes passem a ajudar aqueles que têm qualquer que seja o transtorno. As gozações só pioram a situação. Nossas atitudes, com educação, ajudam a pessoa disfluente a passar por esta fase do ambiente escolar de maneira mais harmoniosa.

“As pessoas que gaguejam e gagueira no Brasil precisam ser consideradas em todas as políticas públicas voltadas para a inclusão, começando na própria escola. As empresas, as organizações e os ambientes familiares também têm que ter atitudes respeitosas e acolhedoras. Essas pessoas não podem ser vítimas de chacota e discriminação. Infelizmente, há muitos mitos que rodeiam a gagueira na mídia e na sociedade e isso compromete muito a vida da pessoa que gagueja, assim como maximiza o bullying”, pontua Luiz Fernando.

A Abra Gagueira destaca que é muito importante que os professores conheçam a gagueira, suas reais causas e seus possíveis impactos para aluno (a) que gagueja. O professor bem informado pode ser o multiplicador de informações reais sobre o tema e promover um ambiente escolar seguro ao seu aluno (a) que gagueja.

Para exemplificar, serão pontuadas algumas orientações que devem ser seguidas por todas as pessoas, sejam alunos (as) e professores que conhecem, vivem ou encontram uma pessoa que gagueja no âmbito escolar

1) O professor, ao perceber que tem um aluno que gagueja pode conversar com ele, acolhê-lo e ficar disponível para auxiliá-lo no que ele desejar. Importante que ele se sinta seguro para ter a liberdade de dizer quando sofrer uma situação vexatória, ou quiser discutir sua forma de participar em aulas e atividades acadêmicas;

2) O professor ainda pode trazer como tema para sala de aula as diferenças entre as pessoas e a importância em respeitá-las. Alguns alunos que gaguejam podem gostar de abordar o assunto gagueira para os colegas, com o auxilio do professor, e com isso, dissolver mitos e disseminar verdades sobre o tema;

3) Em situações nas quais o professor perceber qualquer tratativa indevida ao aluno, como o bullying pelos colegas, ele deverá agir orientando-os e conscientizando-os dos malefício dessas atitudes. Também deve repudiar essas atitudes quando trazidas pelo próprio aluno que pode sofrer chacotas em situações de intervalo, em festas e outras situações dentro da escola;

4) Sempre ouvir a pessoa que gagueja sem interrompe-la, respeitando o seu tempo de fala, pois ela sabe exatamente o que vai dizer;

3) Não complete as palavras ou frases para ela, pois ela é que deve definir quais palavras quer dizer e ter a chance de concluí-las;

4) Não faça expressões faciais de espanto ou que demonstre possível incômodo com sua fala, ouça-a com atenção e respeito;

5) Não ria, imite, faça chacota e nem dê apelidos;

6) O mais importante é o conteúdo da mensagem que a pessoa quer passar e não o modo como ela fala. Com certeza, o que ele vai dizer é importante pra ele e pode ser mais importante pra você ainda.

Mais informações sobre o assunto

Há alguns sites que disponibilizam materiais informativos aos professores e pais como no www.oficinadefluencia.com.br e no site da Abra Gagueira www.abragagueira.org.br. Com medidas efetivas no ambiente escolar, o aluno (a) que gagueja pode se sentir confortável e seguro para viver seu potencial comunicativo.

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